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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Meus dias...1


Hoje o dia foi bem tranquilo, graças a Deus. Minha mãe não teve reações, a pressão do meu pai está normalizada e o meu coraçãozinho está mais aliviado.
Agora trabalhar, descansar (bastante) e esperar o dia 6 de setembro quando ela tem a próxima consulta com Dr Jean.
E assim são os dias de quem convive com o processo de tratamento do câncer, com a quimioterapia. Após as aplicações, matamos vários leões todos os dias até a reação passar. Depois tudo ameniza.
Hoje vou poder dormir mais sossegada. Sem acordar várias vezes na noite pra "espiar" no quarto se tá tudo bem, ou escutar algum barulhinho e me assustar pensando que estão precisando de mim pra alguma coisa.
Juro que estou me sentindo um zumbi. Desde quinta sem dormir nada. Por mais que eu deitasse, a preocupação era tão grande que não conseguia dormir direito. Mas hoje, é meu dia! :D
Vou aproveitar essa boa maré e cair na cama!
Boa noite...
Geane Carla

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Quimioterapia 2



Meus dias não estão sendo fáceis. Todos falavam das reações da Quimioterapia, como era, o que tinha que fazer, etc, etc, etc, mas sentir na pele é muito mais difícil. Ver uma pessoa que você ama passando por tal situação, você daria de tudo para que aquele sofrimento passasse.
Quando penso que tudo isso aconteceu por negligência e ainda a enfermeira do PSF tem a cara de pau de dizer que tudo isso foi por culpa da minha mãe dá uma certa revolta. Ninguém fica doente porque quer. Ninguém é mutilado porque quer. Minha mãe perdeu uma parte que eu e todas as mulheres vão concordar comigo, é a parte mais importante que uma mulher tem no corpo. Não há nada que represente mais o poder da mulher quanto o seio e ela perdeu.
Ela sempre se mostrou uma mulher forte, cheia de fé, destemida desde o princípio quando soube do Câncer de Mama. Nunca tinha visto ela chorar...até domingo passado quando ela percebeu que os cabelos estavam começando a cair. É difícil demais! Fico tentando me colocar no lugar dela diversas vezes e as vezes penso que não teria essa força que ela tem. Me doi vê-la passar por tudo isso. Uma mulher tão íntegra, tão dedicada a família e aos agregadas. Mas câncer não escolhe idade, sexo, religião, posição social. Se ela tivesse descoberto em 2010, quando fez o exame e não tinha médico no PSF ela não estaria passando por tudo isso.
Fica o alerta para muitas pessoas que depende do Serviço Único de Saúde (SUS) prestar atenção em tudo, em todos os sintomas e ir mais além dos exames pedidos. Erros como o dela, acontecem todos os dias e fica por isso mesmo.
Na primeira Quimioterapia ela só teve reação três dias após a aplicação. Foi fraca para tudo o que diziam. Ela sentiu frio e calor ao mesmo tempo, dor de cabeça, dor no corpo e vontade de comer certas comidas. Até brincamos dizendo que ela iria entrar no livro dos recordes, grávida aos 67 anos de idade. Só para descontrair! Passou-se três com esses sintomas e passou.
Antes da quimio e durante todo processo de reação, ela tomou bastante líquido, muitos sucos que ajudam na recuperação.
Na segunda Quimioterapia, que foi na quarta passada (15.08) ela já saiu do hospital com dor de cabeça. Nesse mesmo dia, ela sentiu muito frio.
No dia seguinte, na quinta, ela continuou com os mesmo sintomas e acrescentou a diarreia. A noite foi o período mais difícil. Ela vomitou bastante, foi no total de 19 vezes ao banheiro, passou muito mal com dores estomacais. Fiquei com medo de dar algum analgésico pra tentar amenizar a dor devido a quimioterapia. Tive então a ideia de ligar para o hospital e falar com a enfermeira de plantão, o que não me ajudou em nada. E ai falando por telefone com meu irmão ele me orientou a ligar para o SAMU. Foi a melhor coisa que eu fiz. Não tinha o contato do oncologista que está acompanhando ela, Dr Jean e ai o médico plantonista do SAMU foi muito atencioso, expliquei o caso e ele me perguntou se ela tinha alergia a algum medicamento principalmente a dipirona, respondi que não e ele me orientou a dar Buscopam Composto. Como tinha em casa e era 3 horas da manhã dei o que tinha, Tilenol. Foi ai que amenizaram as dores e conseguimos dormir por um curto espaço de tempo, até amanhecer o dia, já que eram 4h30min da manhã. Esse foi o pior dia de nossas vidas. Foi muito difícil vê-la da forma como vi sem poder fazer nada. A sensação de impotência é a pior coisa que existe.
Amanheci um caco! Não tive condições de ir trabalhar e também tive que ir ao Hospital conversar com o médico dela. Ele passou alguns remédios e graças a Deus ela está bem melhor. As reações estão poucas e hoje ela conseguiu se alimentar melhor, continua com a dieta normal e não sentiu tantas dores como nos dias passados.
Mas meu final de semana não se resumiu a cuidar só de minha mãe...meu pai com todo susto que tivemos, acabamos indo parar no Hospital sábado com a pressão arterial 24 por 13.
É uma luta grande principalmente quando se tem apenas três pessoas em casa, principalmente quando você tem que trabalhar. É uma pressão tremenda que tem que ter muita paciência e jogo de cintura para passar por cima dessas dificuldades com um sorriso no rosto e com a confiança em Deus que tudo já deu certo!
Geane Carla

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A volta...

Resolvi hoje voltar a escrever no meu blog para contar como estão sendo os meus dias como um diário eletrônico. Tudo isso porque a pessoa mais importante da minha vida está passando por um período delicado em sua vida, passando por um processo que muitas pessoas já passaram com êxito e outras nem chegaram a contar suas vitórias que é o Câncer, que é o processo de Quimioterapia.Sabemos das reações, mas senti-las na pele é mais difícil do que se imagina. São cuidados redobrados, reações que acontecem e você não sabe como agir, principalmente quando acontece altas horas da madrugada.A mim, faz muita falta um espaço em que eu pudesse ler mais e saber como agir nas diferentes situações. A mim, faz muita falta um espaço que eu pudesse trocar experiências com pessoas que passaram e estão passando por tal situação.Esse foi o motivo maior de voltar a escrever e relatar tudo o que estamos vivendo.São exatamente 02h40min do dia 17 de agosto de 2012. 3 meses e 23 dias que minha mãe descobriu que estava com câncer de mama. O nódulo já estava com 3cm e por orientação médica foi feita a mastectomia total. Tudo isso aconteceu não por falta de cuidados da paciente, mas sim, pelo nosso sistema de saúde falho, onde em vários bairros da capital pessoense tem um Posto de Saúde Familiar (PSF)que não funciona como deveria funcionar. No período que ela sentiu o nódulo, ela refez os exames (já estava na hora) fazia 1 ano e 3 meses que ela tinha feito o último check up. Em análise, no mês de abril, a mastologista Marina Cartaxo detectou que já existia o nódulo desde o exame anterior. Devido a falta de médico (apenas a enfermeira-chefe no PSF) não houve um acompanhamento adequado que a poupasse de tal sofrimento.No Brasil, é muito comum acontecerem erros desse tipo e as pessoas ficarem impunes. Mas quem sabe, a lei dos homens não mude a história dela? É o que eu espero...Amanhã volto a escrever e a relatar fatos que podem ajudar a muitas pessoas que estão na mesma situação que a minha. Quem sabe, um ajudando ao outro, tudo fique melhor...mais claro...e alivie o coração daqueles que precisam de uma força.
Geane Carla